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Postais de Veneza
Postais de Veneza

Postais de Veneza

Acredito que posso dividir essa viagem à Itália da seguinte maneira:

 

Roma: meu sonho de arquiteta, que tanto esperei para revisitar, e que se mostrou surpreendentemente humana, me encantando e irritando em equilíbrio, até o ponto de me ter “a las puteadas” reclamando do preço do vinho.

Uma anti-guia incompleta de Roma

Módena: Bottura era meu sonho gourmet, e que fantástico foi realizá-lo. Mas a cidade entregou ainda mais, mostrando que foi ela quem colocou um grande chef no mundo (e não o contrário).

Módena, um menu de quatro passos

E Veneza:

Veneza: a grande surpresa

Nunca imaginei visitar Veneza, nunca esteve nos meus planos. Simplesmente era mais fácil voltar a Madrid por lá.

Acho que foi um dos lugares mais bonitos que já vi. E não me refiro a uma beleza apenas visual.

A alma de Veneza entra pelos poros, percorre as veias, preenche cada célula, cada átomo. Uma cidade de 5km que se desdobra em dezenas, se estende, no deambular por suas ruas tortuosas e com péssimo GPS se torna infinita.

Que por trás da elegância e da alta moda esconde uma vida boêmia vibrante e regada a vinho. E, mais atrás ainda, uma vida pacata italiana das mais normais, com a única diferença de que para chegar ao aeroporto precisa tomar um barco de segurança duvidosa.

Deixo as fotos dessa linda e, logo após, as experiências gastronômicas.

Veneza: embriagai-vos

“Embriagai-vos! De vinho, poesia ou virtude, como quiserdes. Mas, embriagai-vos.”

A frase é do poeta francês Baudelaire, mas o rabisco, livre e precisamente adaptado por algum italiano na parede do banheiro de @vino__vero, não poderia ser mais adequado.

Veneza é uma cidade para embriagar-se. De beleza, de arte, de amor, de vinho, de prazer.

Você pode ir a Veneza e conhecê-la conforme os moldes das guias de turismo: chocolate quente no @caffeflorian, jantar em algum restaurante elegante, ver vitrines de lojas caras, fazer fila para visitar a Basílica de San Marcos, gastar fortunas para passar 30 minutos num barquinho.

Ou você pode, aludindo aos poetas românticos e flaneurs de outrora, embriagar-se.

Esquecer o GPS. De qualquer forma, ele não funciona mesmo. Desligar o celular, deixar de lado o relógio. Ignorar os barcos, mesmo que seja apenas um ferry para cruzar o canal. Caminhar sem destino, perder-se pelas ruas, flanear. Deixar que Veneza te mostre o que reservou para você, o que a cidade quer que você conheça.

No meu caso, Veneza me mostrou uma atmosfera vibrante, com uma infinidade de bares, onde a regra é experimentar.

Vinhos, vinhos e mais vinhos. Por taça, do jeito que eu gosto.

E os cicchetti. Ai, ai, os cicchettis. Aperitivos muito semelhantes às tapas do norte da Espanha; San Sebastian, Bilbao. Pequenas torradas ou fatias de pão coroadas com os melhores produtos locais.

A cada bar, um cicchetti e uma taça. E ao próximo, e ao próximo, e ao próximo. Um após o outro, até encontrar o caminho de volta a casa.

Ou não encontrar. Ficar por lá mesmo. Eu mesma só voltei porque quem me esperava era a Argentina.

Micaela Redondo