Localizada ao sul da Patagônia Argentina (Província de Santa Cruz), El Calafate é, junto a Ushuaia, Rio Grande e Rio Gallegos, uma das cidades mais austrais do país. Para entender as distâncias, está a apenas 870 km de Ushuaia (a cidade mais austral do mundo), porém a quase 2.800 km de Buenos Aires (3 horas de voo).
Com uma bela vista da Cordilheira dos Andes e às margens do Lago Argentino, a cidade guarda uma característica especial: é um dos poucos lugares do mundo que oferece acesso relativamente fácil a uma geleira: o Glaciar Perito Moreno, principal atração turística da região.
Aspectos gerais, porém, importantes de mencionar
Como chegar
Para quem parte de Buenos Aires, o principal meio de transporte é o avião. São cerca de 20 minutos desde o Aeroporto até o cento da cidade, e o transfer pode ser contratado com agência de turismo ou no próprio local.
Para quem vai desde outras cidades (muitos turistas passam por Bariloche ou San Martin de los Andes antes ou depois), El Calafate faz parte da famosa Ruta 40, a estrada nacional que conecta o território Argentino do Norte ao Sul. Nesses casos, também é possível chegar de ônibus ou carro.
Quando ir
Segundo Pablo, o guia maravilhoso que nos acompanhou ao Glaciar Perito Moreno, a temperatura máxima no verão é de 20 oC, e a mínima de inverno -20 oC. Ele também disse que, como o clima é bem seco, a sensaçāo térmica nāo é tāo extrema. Na prática, fica ao redor de -3, -2 oC. Ainda assim, é importante considerar que:
- os dias de verāo chegam a ter 17 horas de luz, enquanto os de inverno apenas 8 horas
- o glaciar é uma grande massa de gelo (para quem pensa em fazer o passeio de barco, ou o mini trekking no geleira)
- os desprendimentos do glaciar acontecem principalmente no verāo
Por conta desses pontos, a melhor temporada é o verāo. Como os preços ficam mais caros, muita gente aproveita para ir durante o outono ou na primavera. Cada estaçāo proporciona uma paisagem única.
Como se planejar
A cidade em si é pequena, porém com muitos restaurantes e opções de passeios. Sugiro pesquisar as excursões antes de decidir por quantos dias ficará na cidade, pois a maioria dura 6 horas ou mais. Eu fui apenas ao Glaciar Perito Moreno (e fiz o passeio de barco de 1h), mas existem outros, como o mini trekking no glaciar, a rota em 4×4 com visita e almoço em uma caverna com pinturas rupestres, visitas a outros glaciares menores, etc. Quanto aos restaurantes, vale a pena reservar antes, pois os horários de 21h e 22h são muito concorridos.
Onde se hospedar
El Calafate vive do turismo, e a variedade de hotéis é enorme. Existem locais mais próximos ao centro, casas por Airbnb, pousadas, hotéis mais caros. Fiquei no Tierra Tehuelche, um apart hotel mais afastado do centro (cerca de 2km), porém com uma vista espetacular dos Andes. Optamos por um apartamento, pois eu e meu companheiro preferimos sempre fazer a maior parte das refeições “em casa”. O hotel também oferece quartos e serviço de café da manhã.
O Glaciar Perito Moreno
A geleira é insana, quase impossível explicar. É como uma língua enorme de gelo que se projeta desde as montanhas, avança criando uma parede curva e busca tocar a ponta da outra montanha, que é onde estão as passarelas e mirantes.
Para chegar até o local, é preciso reservar uma excursão. Custa em torno de 3.000 pesos argentinos, o que inclui o transporte hotel-glaciar-hotel (80 km, 1 hora de viagem) e um guia. A entrada do parque se paga por separado, no local: 2.000 pesos para turistas e 500 pesos para residentes. Vale muito a pena fazer o passeio de barco (2.000 pesos), pois é outro ângulo de visão. Já o mini trekking para caminhar sobre o gelo eu não quis fazer, achei caro (14.000 pesos, 1h). Todos esses valores são de novembro/2021. Os transfers saem de El Calafate entre 8h e 10h e voltam às 17h. É recomendável levar almoço/lanche, ou se preferir existe uma cafeteria dentro do parque.
O Parque possui várias passarelas e mirantes, com diferentes níveis de dificuldade (distância, escadas). O primeiro platô é acessível a pessoas com mobilidade reduzida. Quanto ao Glaciar, existem vários fenômenos que os visitantes podem ter a chance de presenciar. Sempre há desprendimentos e, mesmo que não sejam visíveis, o estrondo ecoa pelo parque. Eu tive a oportunidade de ver um desprendimento de parte da parede bem de perto, mas não consegui filmar.
A depender do ano em que se visite a geleira, talvez seja possível ver a formação do arco, que é quando a parede se projeta sobre a montanha frontal e literalmente cria um “arco de gelo”. Este vídeo mostra a queda do arco.
Restaurantes destacados
Vamos ao que interessa: onde comer (e beber) em El Calafate?
Depois de tanto gelo e sobe e desce de escada, chegamos na melhor parte: as boas experiências gastronômicas da cidade, aquelas que valem a pena repetir. Isso entre as que eu fui, certo gente? São muitos os restaurantes, fui apenas em dois, além de alguns cafés.
Casimiro Biguá – Restaurante & Parrilla
De longe, o melhor. Linda apresentação, tudo delicioso, ótimo serviço. Um pouco caro para os padrões argentinos de preço em pesos, mas na conversão ao real ou dólar é bem acessível.
Instagram Casimiro Biguá El Calafate
La Zaina Restaurant
Um restaurante para quem come com os olhos. Absolutamente tudo é lindo: a casa, a decoração, os pratos. A origem remonta à chegada da família Saldia Westerlund a El Calafate, em 1976. Juan José e Ester se dedicavam a criar animais para corte e leite. A estrutura atual, de chapa e madeira, é o mesmo galpão que utilizavam para as vacas leiteiras. Aos poucos, a família começou a oferecer refeições a vizinhos e viajantes, atividade que segue até hoje. No interior, uma infinidade de objetos nos dá dicas de como era uma casa e o dia a dia da época.
Instagram de La Zaina Restaurant
Borges & Alvarez: café, bar e livros
Outro lugar que é um encanto: um bar/café bem no centro da cidade, aberto desde cedo até tarde da noite. O menu é bem variado, com opções para café-da-manhã, almoço e happy hour. Também há uma pequena livraria, para quem quiser comprar algum livro ou ler no local. E com wi-fi, para aquelas pessoas que como eu precisam levar o trabalho na mala.
Pronto! Essa foi a viagem para El Calafate. Se tiverem qualquer dúvida ou quiserem mais ideias para um roteiro, pode escrever lá no contato@catalibre.com.
Próxima parada, El Chaltén! Com direito a vinho em lata durante o trekking e subida ao Fitz Roy.
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